Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro em 2019[nota 1]
38Presidente do Brasil
Período 1° de janeiro de 2019
a 1° de janeiro de 2023
Vice-presidente Hamilton Mourão
Antecessor(a) Michel Temer
Sucessor(a) Luiz Inácio Lula da Silva
Deputado Federal pelo Rio de Janeiro
Período 1° de fevereiro de 1991
a 1° de janeiro de 2019
Vereador do Rio de Janeiro
Período 1° de janeiro de 1989
a 1° de fevereiro de 1991
Dados pessoais
Nome completo Jair Messias Bolsonaro
Nascimento 21 de março de 1955 (70 anos)
Glicério, São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Academia Militar das Agulhas Negras
Prêmio(s) Ordem do Mérito Militar[1]
Cônjuge Rogéria Nantes (c. 1978; div. 1997)
Ana Cristina Valle (c. 1997; div. 2007)
Michelle Bolsonaro (c. 2007)
Filhos(as) Flávio · Carlos · Eduardo · Renan · Laura
Partido PL (2021–presente)
Religião católico[nota 2]
Profissão militar e político
Assinatura Assinatura de Jair Bolsonaro
Serviço militar
Lealdade  Brasil
Serviço/ramo Brasão do Exército Brasileiro Exército Brasileiro
Anos de serviço 1973–1988[4][5]
Graduação Capitão
Unidade
  • 21º Grupo de Artilharia de Campanha
  • 9.º Grupo de Artilharia de Campanha
  • 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista
Condecorações Medalha do Pacificador com Palma (por "Ato de Bravura" em 1978)[6]

Jair Messias Bolsonaro GOMM (Glicério,[nota 3] 21 de março de 1955) é um militar reformado e político brasileiro, atualmente filiado ao Partido Liberal (PL). Foi o 38.º presidente do Brasil, de 1.º de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2022, tendo sido eleito pelo Partido Social Liberal (PSL) nas eleições de 2018. Anteriormente, foi deputado federal pelo Rio de Janeiro entre 1991 e 2018, eleito por diversos partidos. Nasceu em Glicério, mas passou a adolescência em Eldorado, no interior de São Paulo. Começou sua carreira militar no município fluminense de Resende após formar-se na Academia Militar das Agulhas Negras em 1977. Serviu nos grupos de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército Brasileiro.

Tornou-se conhecido do público em 1986, quando escreveu um artigo para a revista Veja criticando os baixos salários dos militares, texto pelo qual foi preso. Em 1987, a mesma revista o acusou de planejar plantar bombas em unidades militares, crime militar pelo qual foi condenado em primeira instância, porém o Superior Tribunal Militar o absolveu no ano seguinte. Transferiu-se para a reserva em 1988 com o posto de capitão e concorreu à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, sendo eleito vereador pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Em 1990, foi eleito deputado federal, cargo para o qual foi reeleito seis vezes. Durante 27 anos como congressista, ficou conhecido por seu conservadorismo social e por diversas polêmicas,[10] principalmente por ser um vocal opositor dos direitos LGBT e por declarações classificadas como discurso de ódio,[11][12][13] que incluem a defesa das práticas de tortura e assassinatos cometidos pela ditadura militar brasileira,[14] além de falas consideradas racistas.[15] Tido como um político polarizador,[16][17][18] seus pontos de vista e comentários, amplamente descritos como de extrema-direita[19] e populistas,[20] atraíram elogios e críticas no Brasil e no mundo,[21][22][23] além de terem influenciado o surgimento do bolsonarismo.[24][25]

Sua campanha presidencial foi lançada pelo PSL em agosto de 2018, quando passou a se apresentar como um candidato antissistema,[26] pró-mercado[27] e defensor de valores familiares.[28] Após disputar o segundo turno das eleições de 2018 com Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito com 55,13% dos votos válidos. Seu governo se caracterizou por forte presença de ministros de formação militar, alinhamento internacional com a direita populista[29][30] e por políticas antiambientais,[31] anti-indigenistas[31] e pró-armas.[32][33] Em 2020, foi nomeado "pessoa do ano" pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project por se cercar de figuras corruptas, minar o sistema de justiça e enriquecer grandes proprietários de terras na região amazônica.[34] Foi também responsável por um amplo desmonte das políticas e órgãos da cultura,[35][36] da ciência e da educação,[37][38][39] além de promover repetidos ataques às instituições democráticas[40][41] e fazer maciça divulgação de notícias falsas.[42] Apesar de a criminalidade[43] e o desemprego terem seguido a tendência de queda vista desde o governo Michel Temer,[44] a média de crescimento do PIB foi de cerca de 1,5% ao ano,[45] a precarização do trabalho, a inflação[46] e a fome[47] aumentaram, enquanto a renda per capita, a desigualdade e a pobreza atingiram os piores níveis desde 2012.[48]

Sua administração envolveu-se em uma série de controvérsias e vários dos ministros que haviam sido indicados originalmente deixaram seus cargos[49] e criticaram o governo.[50] A resposta de Bolsonaro à pandemia de COVID-19 no Brasil também foi reprovada em todo o espectro político e apontada como negacionista,[51][52] depois que ele minimizou os efeitos da doença[53][54] e defendeu tratamentos sem eficácia comprovada, além de ter desestimulado a vacinação,[55][56][57] o uso de máscaras de proteção[58][59] e as medidas de distanciamento social,[60][61][62] posturas que contribuíram para até 400 mil mortes evitáveis[63] e que foram consideradas um crime contra a humanidade pelo Tribunal Permanente dos Povos.[64] Nas eleições de 2022, foi derrotado no segundo turno por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sendo o primeiro presidente do Brasil a não conseguir se reeleger desde a instituição da reeleição em 1997. Atualmente, Bolsonaro está inelegível por abuso de poder político por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),[65] é investigado pela Polícia Federal por suspeitas de crimes contra o patrimônio público e de esquemas de corrupção no Ministério de Educação, além de ser reú no Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de Estado que envolveu os atos golpistas após as eleições e culminou nos ataques de 8 de janeiro em Brasília.[66]


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  1. Brasil, Decreto de 22 de março de 2005.
  2. «"Bolsonaro sabe jogar muito bem com a religião"». Deutsche Welle. 29 de janeiro de 2021. Consultado em 5 de julho de 2021. Cópia arquivada em 4 de julho de 2021 
  3. Vídeo: "#AoVivo: Presidente Jair Bolsonaro participa de Santa Missa com parlamentares e familiares", no canal TV BrasilGov, no YouTube., publicado em 1° de julho de 2021. Aos 50:52 do vídeo, observa-se o presidente Jair Bolsonaro comungando (ritual praticado apenas por quem professa a fé católica) em uma missa ocorrida em julho de 2021. Observa-se também o fato de não estar acompanhado de sua esposa Michelle Bolsonaro, que é protestante batista.
  4. Júlia Dias Carneiro (28 de outubro de 2018). «Quem é Jair Bolsonaro: infância em Eldorado, controvérsias no Exército e ascensão com antipetismo» (html). Época. Consultado em 11 de novembro de 2018 
  5. «ESTATUTO DOS MILITARES» (htm). Presidência da República - Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos. 9 de dezembro de 1980. Consultado em 11 de novembro de 2018 
  6. Felipe Amorim (5 de dezembro de 2018). «Bolsonaro recebe medalha do Exército por "ato de bravura" em 1978». UOL. Consultado em 22 de janeiro de 2023 
  7. a b Godoy, Marcelo (2 de abril de 2017). «Bolsonaro: um fantasma ronda o Planalto». Estadão. Consultado em 6 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 6 de agosto de 2018 
  8. a b «Quem são». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 5 de dezembro de 2018 
  9. Presidência da República. «Biografia do Presidente». 2019-01-01. Consultado em 1 de janeiro de 2019. Arquivado do original em 21 de março de 2019 
  10. Nascimento et al. 2018, pp. 135–171
  11. Sponholz & Christofoletti 2018, p. 77
  12. Silva 2018, pp. 69-71
  13. «Coronel Ustra, homenageado por Bolsonaro como 'o pavor de Dilma Rousseff', era um dos mais temidos da ditadura». Extra. Globo. 18 de abril de 2016 
  14. Mariana Llanos e Marina von Bulow (21 de março de 2020). El País, ed. «Brasil: os limites e perigos de um presidente polarizador». Consultado em 21 de abril de 2022 
  15. BBC Brasil, ed. (20 de abril de 2021). «Interferência na PF, pandemia, 'passar a boiada': o que fez governo Bolsonaro em um ano desde reunião ministerial». Consultado em 21 de abril de 2022 
  16. Deutsche Welle, ed. (14 de novembro de 2019). «"Bolsonaro pode polarizar o Brasil de maneira nunca vista"». Consultado em 21 de abril de 2022 
  17. Caracterizações como "extrema-direita" incluem, mas não se limitam a
  18. Caracterizações como "populista" incluem, mas não se limitam a
  19. Brooke, James (25 de julho de 1993). «A Soldier Turned Politician Wants To Give Brazil Back to Army Rule» (em inglês). The New York Times. Consultado em 6 de agosto de 2018 
  20. Editorial Board (8 de outubro de 2018). «Brazilian Swamp Drainer». Wall Street Journal. Consultado em 11 de outubro de 2018. Cópia arquivada em 10 de outubro de 2018 
  21. «O inquietante 'fenômeno Bolsonaro'». El País Brasil. 7 de outubro de 2014. Consultado em 18 de junho de 2017. Cópia arquivada em 16 de junho de 2018 
  22. Galinari, Tiago Nogueira (29 de agosto de 2019). «A "Guinada à direita" e a nova política externa brasileira». Caderno de Geografia (2): 190–211. ISSN 2318-2962. doi:10.5752/P.2318-2962.2019v29n2p190-211. Consultado em 17 de abril de 2021 
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  26. BBC, ed. (9 de outubro de 2018). «Eleições 2018: os desafios de Bolsonaro e Haddad na batalha pelo voto do Nordeste, alvo de discursos de ódio». Consultado em 10 de outubro de 2018 
  27. «Bolsonaro em Israel: O que aconteceu de mais importante na visita do presidente até agora?». 2 de abril de 2019 
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  29. a b Caracterizações como "antiambientalismo" e "anti-indigenenismo" incluem, mas não se limitam a
  30. Hugo Marques (2 de janeiro de 2022). Revista Veja, ed. «Brasil triplica registro de armas novas durante o governo Bolsonaro». Consultado em 21 de abril de 2022 
  31. Leandro Resende (15 de fevereiro de 2021). CNN Brasil, ed. «Desde início do governo, Bolsonaro mudou 31 vezes a política de armas no Brasil». Consultado em 21 de abril de 2022 
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  37. Marques 2019
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  46. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Lupion
  47. G1, ed. (28 de março de 2022). «Governo Bolsonaro já acumula quase 30 trocas de ministros desde 2019; veja lista». Consultado em 21 de abril de 2022 
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  50. Malerba & Fernandes 2021
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  52. Ítalo Rômany (30 de dezembro de 2020). Revista Piauí, ed. «'Gripezinha', cloroquina, fim de pandemia: 10 informações falsas ditas por Bolsonaro sobre a Covid-19 em 2020». Consultado em 14 de abril de 2022 
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  62. "Sentença que condenou Bolsonaro vai ser encaminhada para Tribunal de Haia". UOL, 01/09/2022
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  64. Vivas, Fernanda; Falcão, Márcio (26 de março de 2025). «Bolsonaro vira réu por tentativa de golpe de Estado com unanimidade dos votos na 1ª Turma do STF». G1. Consultado em 26 de março de 2025 

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